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  Confira mais um capítulo da História de Portugal

Por: Nelson de Paula.

Dom Manuel II - "O Patriota" - 11/10/2015

Tendo em conta o afastamento dos integralistas, e mais ainda o fato de depois de quase uma década de casamento D. Manuel II e D. Augusta Vitória ainda não terem filhos, o monarca exilado terá alegadamente tentado uma nova aproximação ao ramo miguelista. O encontro teve lugar em 17 de abril de 1922, em Paris, sendo representante do rei, o seu lugar-tenente Aires de Ornelas, e pelos miguelistas o Conde de Almada, a pedido de Aldegundes de Bragança, Duquesa de Guimarães e Condessa de Bardi, tutora de Duarte Nuno.

Concordou-se que, a faltar sucessor direto a D. Manuel II, se reconhecia que era aceite o sucessor indicado pelas Cortes Gerais da Nação Portuguesa. Ambos os lados colaborariam, cessando atividades conflituosas.Os monárquicos constitucionalistas ficaram satisfeitos, mas entre as hostes integralistas isso não aconteceu. Devia-se o desagrado ao fato do acordo, como publicado, não fazer referência ao aspecto tradicionalista da monarquia a ser restaurada, algo em que a junta do Integralismo considerava fundamental.

Embora nessa altura, em 4 de maio de de 1922, tivesse sido retirado o seu apoio público ao acordo, este ainda se manteve, se bem com utilidade limitada, dado o seu falhanço em unir as forças monárquicas, até que em setembro de 1925 foi formalmente repudiado por Aldegundes, em carta a D. Manuel II.

Alegou não cumprimento pela outra parte, dado continuar a funcionar o jornal constitucionalista enquanto o órgão integralista já havia sido fechado, e nenhum legitimista ou integralista ter sido convidado para o conselho superior monárquico. Terminava assim a última tentativa de reconciliação entre os dois ramos da Casa de Bragança.

D. Manuel II sempre se havia interessado pelos livros, e nos seus anos de exílio dedicou-se aos estudos e escreveu um tratado sobre literatura medieval e renascentista em Portugal. Nos tempos a seguir à Grande Guerra, e com mais tempo livre, embora sem descurar os contactos com as organizações monárquicas, o rei passou a dedicar-se mais aos estudos, seguindo assim a tradição que já vinha de seu pai.

Inicialmente planejou fazer uma biografia, assente em fontes primárias, sobre a vida de Manuel I, que achava ter sido mal tratado pelos historiadores recentes. Para isso contratou os serviços do bibliófilo Maurice Ettinghausen em 1919, que se encarregou de lhe achar os livros antigos de que necessitava. Esta ação foi beneficiada pela dissolução de várias bibliotecas privadas em Portugal depois da implantação da república. Teria sido Ettinghausen que lhe sugira que precedesse o seu estudo pela feitura de uma lista de todos os livros antigos da sua biblioteca.