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  Confira mais um capítulo da História de Portugal

Por: Nelson de Paula.

Francisco da Costa Gomes - 30/04/2017

Francisco da Costa Gomes nasceu em Chaves, a 30 de Junho de 1914 e faleceu em Lisboa, a 31 de Julho de 2001. Foi um militar e político português, o décimo-quinto Presidente da República Portuguesa, o segundo após a Revolução dos Cravos. Empurrado para Presidente da República a 30 de Setembro de 1974.

No Palácio de Belém ouve-se o estrondo do bater de uma porta e o som de passos firmes e decididos. Na sequência dos dramáticos acontecimentos dos últimos dias, o general António de Spínola apresentara ao Conselho de Estado a sua renúncia ao cargo de Presidente da República. Spínola fora o primeiro Presidente da República após o 25 de Abril, mas nos meses que se seguiram à "revolução dos cravos" as suas relações com os chamados "capitães de Abril" tinham-se deteriorado muito significativamente.

Spínola tentara já, por diversas vezes, chamar a si o controle político e militar da situação. Procurara dissolver a Comissão Coordenadora do Movimento das Forças Armadas (MFA), onde se agrupavam os oficiais responsáveis pela revolução; depois, tentara reforçar os poderes presidenciais e adiar as eleições para a Assembleia Constituinte, através do chamado "golpe Palma Carlos". Agora, no final de Setembro, os "spinolistas" tinham planejado uma grande manifestação, a ter lugar na cidade de Lisboa.

Nesta manifestação, a chamada "maioria silenciosa" deveria demonstrar, de forma inequívoca, o apoio popular ao general. Serviria assim de pretexto para que Spínola conseguisse operar uma mudança significativa no equilíbrio do poder político, dissolvendo a Comissão Coordenadora do MFA, promovendo a demissão do primeiro-ministro, Vasco Gonçalves, e legitimando o reforço dos poderes do Presidente da República.

A reação do MFA foi, contudo, decisiva. As unidades militares afetas ao Movimento foram prontamente mobilizadas e as ações programadas por Spínola e seus apoiantes eficazmente anuladas. O "25 de Abril" estava, de novo, "sobre rodas", como diria o então capitão Vasco Lourenço. Em torno da cidade de Lisboa ergueram-se barricadas populares, procurando evitar a entrada na capital dos eventuais apoiantes de Spínola.

No dia 28 de setembro, o gabinete da Presidência da República, reconhecendo uma primeira derrota, emitiu um comunicado no qual se afirmava que não seria "conveniente" a realização da manifestação. Dois dias depois, Spínola apresentou finalmente a sua demissão numa reunião da Junta de Salvação Nacional com a presença dos membros do Conselho de Estado.

O homem que tinha presidido aos destinos do país por pouco mais de cinco meses abandonou, por conseguinte, a Sala Cor-de-Rosa do Palácio de Belém onde a reunião se realizava. Mas os restantes membros da Junta de Salvação Nacional e do Conselho de Estado mantiveram-se reunidos. O general Francisco da Costa Gomes assumiu a direção da reunião.

Era ele, desde o início, o "número dois" do novo regime, ocupando o cargo de chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas. Com ele, nos dias anteriores, já o MFA tinha discutido a eventual sucessão de Spínola e a necessidade de o homem em quem os capitães tinham depositado a sua confiança antes mesmo do 25 de Abril dar um passo em frente e assumir a Presidência da República.