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  Confira mais um capítulo da História de Portugal

Por: Nelson de Paula.

"Castelo de Belver" - 29/09/2019

Na construção do castelo foram usadas as mais inovadoras soluções da arquitetura militar da época. O que não é de estranhar face à experiência dos Hospitalários na arte da construção de castelos e fortificações, do Ocidente Europeu à Terra Santa. A segurança desta fortaleza leva Dom Sancho I a destinar Belver como um dos locais para o depósito do tesouro real português.

Agora o tesouro não se contabiliza em moedas de ouro, já não temos por estas terras, cenários de batalhas religiosas embora exista um pequeno purgatório de escadas infernais antes de chegar quase (literalmente) ao céu. Vale a pena o esforço porque o paraíso avista-se dali. Além disso, se a sede apertar, quase às portas do castelo encontramos um bebedouro com água fresca.

Meditando sobre o passado enquanto se observa a envolvência do castelo numa abundância harmoniosa de cores, parece impossível que em 1751, tenha sido abandonado e depois seriamente danificado pelo terremoto de 1755. Graças a outros olhos com visão sobre a importância do passado, atualmente o castelo encontra-se em perfeito estado de conservação.

Foi restaurado no início do século XX (anos 1940) e mais recentemente com vários restauros na torre de menagem, onde encontramos o Centro Interpretativo, que funciona de quarta a domingo das 10h30 às 13h00 e das 14h00 às 18h00. Parece tosco e bruto, mas está carregado de conteúdo.

Entre a história e a lenda o castelo de Belver é dado como local por onde terão passado a princesa santa Joana (irmã de Dom João II) ou o poeta Luís de Camões, no seu exílio de 1546. No interior do castelo, ergueu-se, já no século XVI, a capela de São Brás que ostenta um interessante retábulo/relicário.

Ali era guardado um extraordinário conjunto de relíquias que se diz terem sido trazidas da Terra Santa pelos Cavaleiros Hospitalários. Todo o retábulo é composto por pequenas esculturas que têm um buraco no peito e a maioria não tem mãos, precisamente para guardarem o conjunto de relíquias que podem ser palhinhas da manjedoura do menino Jesus ou cabelos de Maria Madalena.

Belver, nome atribuído ao castelo e estendido depois à povoação a que dá origem, não pode deixar de ser relacionado com o célebre castelo de Belvoir, erguido pelos Hospitalários, a partir de 1168, no reino de Jerusalém.

Contudo, conta a lenda que houve naquele castelo uma bela princesa que, um dia, chegada à janela da torre de menagem e descobrindo o belo panorama, terá exclamado: “Oh, meu pai, que belo ver!”.