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  Confira mais um capítulo da História de Portugal

Por: Nelson de Paula.

"Castelo de Alcantarilha" - 05/04/2020

O castelo chegou a 1948 em relativo estado de conservação. A partir de então, ao longo das últimas décadas, a evolução da malha urbana sacrificou extensos troços das muralhas, e descaracterizou a fisionomia do espaço intramuros, transformando este monumento em ruínas. As suas ruínas encontram-se classificadas como Imóvel de Interesse Público pelo Decreto n.º 129/77, publicado no Diário da República, I Série, n.º 226, de 29 de setembro.

Em nossos dias os vestígios do antigo castelo seguem a aguardar um projeto de investigação arqueológica que permita encaminhar questões como as da sua primitiva ocupação, a sua real inserção no contexto islâmico regional, a sua transição para a esfera cristã, o seu abandono e outras.

Exemplar de arquitetura militar, medieval e moderna, de enquadramento urbano. Embora alguns autores tenham colocado a hipótese do castelo de Alcantarilha ter uma origem islâmico-medieval com base em certos aspectos do aparelho construtivo e noutros pormenores, estes são pouco consistentes para qualquer conclusão nesse sentido.

Do chamado castelo ou muralhas de Alcantarilha restam atualmente pequenos troços, dos quais o mais notório é um pano de muralha situado entre a Travessa do Castelo e o Largo General Humberto Delgado, adossado a noroeste e a sudeste a edifícios de características vernaculares com piso térreo e telhado de duas águas.

Este pano de muralha é curvo com cerca de 12 metros de cumprimento e 4,5 metros de altura, em alvenaria de pedra miúda calcária argamassada com argila, irregularmente disposta, caracterizada por cunhal em calcário a sudeste, disposto em isódomo. Nele se rasga porta simples a sudeste da principal, de cantaria de verga curva com portão em ferro e pequena janela quadrangular a noroeste, a c. de 4 metros de altura.

A parte superior desses muros é aberta por seteiras e ameias, originalmente em associação a um caminho de ronda também ele desaparecido. Até ao momento não foi possível estabelecer a sua cronologia exata, embora não apresente quaisquer semelhanças com os castelos de taipa que marcam a última fase de ocupação islâmica da província.

Outro troço de muralha manteve-se do lado leste da rua do Lagar, com parte de um torreão integrado numa casa particular. Na rua de Nossa Senhora do Carmo conserva-se um canto de baluarte, com o seu cunhal em pedra calcária. Outras partes das muralhas devem estar integradas desde há muito em edifícios e permanece ignorada a sua localização.