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  Confira mais um capítulo da História de Portugal

Por: Nelson de Paula.

"Castelo de Coimbra" - 31/05/2020

O Castelo de Coimbra, hoje integralmente desaparecido, situava-se na atual praça Dom Dinis, em plena cidade Universitária. Possivelmente erguido no século XI, durante o governo de Dom Sesnando Davides, seria então de dimensões acanhadas e de planta irregular. Ampliado e transformado nos séculos seguintes, sobreviveu, ainda que progressivamente arruinado, até aos finais do século XVIII quando, no âmbito da Reforma Pombalina da Universidade de Coimbra, a construção do Observatório Astronômico praticamente o destruiu.

Não obstante, o conjunto de elementos que sobre ele chegaram aos nossos dias (levantamentos, vistas) permite-nos reconstituí-lo e compreender a sua posição no perfil da cidade. A sua localização foi estrategicamente pensada, defendendo um dos pontos de mais fácil acesso à cidade. De fato, pela escassa pendente que a colina aí apresenta tornava-se o ponto escolhido por qualquer exército assaltante para atacar Coimbra.

Esta nova estrutura militar tinha exatamente por função contrariar essa fragilidade defensiva. Foi certamente no castelo que se refugiou Dona Teresa, viúva do conde Dom Henrique quando, em 1116, o exército islâmico comandado por Ali Ben Yusuf montou cerco à cidade. Dom Afonso Henriques, filho de Dona Teresa e primeiro rei de Portugal, adotando Coimbra como capital do novo reino, reforçou o castelo, dotando-o de uma imponente Torre de Menagem.

Elemento que era então uma importante inovação técnica, introduzida pelos Templários, designadamente por Dom Gualdim Pais, mestre da Ordem em Portugal. No reinado seguinte, em 1198, Dom Sancho I mandou edificar uma outra torre na parte mais avançada da cidadela e com perfil pentagonal, assumindo a designação de Torre Quinária.

Já no século XIV, numa época profundamente marcada pelas guerras de Dom Fernando com Castela, o Castelo de Coimbra voltou a ser alvo de importantes obras envolvendo as torres, porta, fosso e barbacã. No decorrer dos séculos seguintes, alteradas as táticas de guerra, o Castelo veria as suas funções diminuídas, servindo já quase só como prisão.

Progressivamente abandonado, o seu estado de conservação seria já muito débil quando, em 1722, respondendo à urgente modernização da Universidade de Coimbra, se projetou a construção de um observatório astronômico.

Para este edifício foi destinado o espaço do “castello de Coimbra: Portas delle, e todos os terrenos, que a elle pertencem”. Antes da destruição, porém, o Marquês fez desenhar uma planta do castelo, elemento que é hoje a principal fonte para o seu estudo. As obras de demolição, iniciadas em 1773, foram morosas e muito dispendiosas, em grande parte devido à robustez da velha Torre de Menagem.