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  Confira mais um capítulo da História de Portugal

Por: Nelson de Paula.

"Castelo de Castro Laboreiro" - 21/06/2020

Durante o reinado de Dom Dinis, teve lugar a reforma que conferiu o aspecto geral que a fortaleza ainda mantém e que, por essa altura, estaria parcialmente arruinada. Se a ação deste monarca no Alto Minho é mais conhecida pela criação de póvoas ribeirinhas ao longo do curso final deste rio, a campanha do castelo de Castro Laboreiro testemunha, por outro lado, a atenção que a raia seca mereceu à coroa, fruto de um reinado que concedeu especial importância à defesa ativa do território.

O projeto então concebido compôs-se de dois recintos muralhados, de dimensão e funcionalidade diversa. No topo, muito provavelmente correspondendo ao primitivo reduto do século XII (ou anterior), edificou-se o núcleo principal, com torre de menagem e cisterna, que corresponde ao verdadeiro centro militar do conjunto.

Para Sul, um segundo recinto, de maior amplitude e acessível apenas por uma porta, servia para "recolher gados e bens em épocas de invasão". Esta característica parece ser única em Portugal e prova como a atividade ganadeira foi primordial na vivência das comunidades serranas medievais de Castro Laboreiro.

A descrição que Duarte d'Armas fez da fortaleza, nos inícios do século XVI, mostra um castelo altaneiro perfeitamente isolado do povoado, este situado a uma cota consideravelmente inferior. O núcleo militar era reforçado por cinco torres quadrangulares (incluindo a de menagem), e possuía duas portas, a do Sol, que levava ao interior do recinto maior, e uma outra que colocava em comunicação os dois redutos.

Parcialmente reformulado ao longo da Idade Moderna, o castelo de Castro Laboreiro não mais voltou a ser alvo de um programa reformador do mesmo nível do projeto dionisino.

Nas guerras de armas de fogo, Laboreiro foi importante apenas pela sua localização estratégica, numa zona interior de difícil acesso. Os próprios caminhos do restauro do Portugal novecentista relegaram a fortaleza para segundo plano.

Quando, por todo o país estado-novista, os castelos eram objeto de intervenções que visavam a recuperação de uma suposta originalidade medieval, atuando, por essa via, como elemento de propaganda do próprio regime, Laboreiro permaneceu à margem desse vasto processo, decorrendo os indispensáveis trabalhos de restauro numa data já tardia (1979-1980) e tendo-se limitado a atuações de consolidação e de reforço estrutural, sem adulterações assinaláveis.