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  Confira mais um capítulo da História de Portugal

Por: Nelson de Paula.

"Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição do Ilhéu" - 28/06/2020

A Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição do Ilhéu localiza-se no centro histórico da cidade do Funchal, na Região Autônoma da Madeira. A ideia para uma fortificação no Ilhéu Grande foi originalmente proposta por Diogo Cabral, em 1553, em carta endereçada da Calheta a João III de Portugal, expondo as repetidas investidas de corsários à Madeira, referindo:

"Neste porto do Funchal está um Ilhéu, de altura de trinta braças (60 metros) e mais. Nele se houvera de fazer a fortaleza, porque assegura o porto, sem se nele poder surtir. Com pouca despesa se fará. Dez homens a defenderiam a todo o poder do Turco. É de rocha talhada, sem ter mais de uma subida, e poucos a podem trepar. E de terra, [dista] quanto uma boa besta possa lançar uma seta. E ao pé, terá seis braças de fundo."

A construção do forte - Face ao aumento do movimento no porto do Funchal em meados do século XVII, tornou-se patente a necessidade de reforço da sua fiscalização e segurança. Assim, para complemento do Reduto da Alfândega do Funchal tornou-se necessário a construção de uma nova fortificação no chamado Ilhéu Grande.

Acredita-se que as suas primeiras obras devam ter decorrido em meados da primeira metade do século XVII, entre 1634 e 1636, sob o governo de Dom João de Menezes, embora os trabalhos não devam ter sido mais do que um reconhecimento do local e do ajuntamento, no mesmo, de alguma pedra e cal, razão pela qual os governadores seguintes terem afirmado que a levantaram "…da primeira pedra". As primeiras obras efetivas datam do contexto da Guerra da Restauração.

Encontra-se referida em uma ordem do Governador, datada de 1642. Após a construção do Reduto da Alfândega, os moradores da cidade, aproveitando a chegada do novo governador, Bartolomeu Vasconcelos da Cunha (em 1651), solicitaram a construção efetiva de uma fortificação no ilhéu. O pedido foi formalizado a Lisboa através de cartas do Provedor da Fazenda, Francisco de Andrada, e do governador, informando que as obras nada custariam à Fazenda Real, de vez que seriam executadas pela imposição aos moradores para reparação e conservação das fortificações.

Desse modo, em 10 de fevereiro de 1652 o soberano concedeu a autorização, com base na mão-de-obra "…da gente da terra, por companhias ou esquadras…", no fornecimento do material também por parte dos moradores ("…para a alvenaria os ditos moradores se ajustarião convosco, de sorte que acudirião à obra com as [suas] pessoas e fazendas…") e para a guarnição, com o pessoal da Fortaleza de São Lourenço, "…a outra fortaleza que hoje há (…) para se escusarem outros soldados e despesas".

A sua traça era bastante diferente da atual, como desenhada por Bartolomeu João em 1654, a iconografia mostra uma fortificação com planta circular, artilhada com seis peças montadas em suas carretas. Ao centro do terrapleno ergue-se isolada a Casa da Guarda, também de planta circular.