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  Confira mais um capítulo da História de Portugal

Por: Nelson de Paula.

"Castelo de Braga" - 27/12/2020

Na Rua de São Marcos, em 1985, um particular construiu por cima dos alicerces de um troço da antiga muralha e, na Rua do Alcaide, em março de 1990, registrou-se a derrocada de outro troço, quando da demolição das instalações da Fábrica de Confecções Facho. Em 29 de setembro de 1996, parte dos mata-cães da torre de menagem ruiu.

Como consequência, registrou-se um novo esforço para limpar, recuperar e reparar a antiga torre, objeto de trabalhos gerais de beneficiação e valorização, nomeadamente na cobertura, no alçapão de acesso ao adarve com execução de estrutura metálica, nos paramentos exteriores e interiores (incluindo adarve e mata-cães, com limpeza de vegetação, tratamento e refechamento de juntas, impermeabilização do adarve e limpeza de paramentos), as estruturas dos pavimentos e escadas, patins, espelhos dos degraus, corrimões, e execução de pavimento em tijoleira, a beneficiação geral da porta, a execução de uma segunda porta em vidro, a colocação de vidros nas frestas e a execução de caixilhos, assim como a substituição da instalação elétrica.

Exemplar de arquitetura militar, gótico. A partir do século XIII a cerca da cidade passou a apresentar planta aproximadamente circular. O seu perímetro, que não excedia os 2000 metros, delimita-se hoje a oeste pela Praça da República e a este pela Rua do Castelo (torre de menagem e castelo), Rua de São Marcos, Rua do Anjo, Largo de Santiago, Rua do Alcaide, Largo de Paulo Orósio, Rua de Jerónimo Pimentel, Campo das Carvalheiras, Avenida de São Miguel o Anjo, Largo da Porta Nova, Rua dos Biscainhos, Praça do Conselheiro Torres e Almeida, Rua dos Capelistas (cerca amuralhada).

Essa antiga cerca possuía cinco torres, das quais restam-nos apenas três (Torre de Santiago, Torre de São Sebastião e outra) e oito portas, das quais nos restam apenas duas (a chamada Porta Nova e a Porta de Santiago). À chamada "Porta Nova", construção setecentista que substituiu uma das suas primitivas portas, foi acrescentada decoração em estilo Rococó e encontra-se encimada pelas estátuas de Braga e de Nossa Senhora de Nazaré.

O primitivo castelo, erguido sob o reinado de Dom Dinis, hoje desaparecido, apresentava planta retangular, em estilo gótico, com torres em cada vértice, situando-se a torre de menagem no interior do pátio. Esta, a única remanescente desse castelo, na cota de 196 metros do nível do mar, apresenta planta quadrada, em alvenaria de granito, de pedra seca e aparelho isódomo assente em alto soco, ligeiramente escalonado, junto ao solo, ergue-se a aproximadamente 30m de altura, dividida internamente em quatro pavimentos, estando o primeiro a uma altura considerável, devido ao soco maciço de 12 metros.

Neste soco encontram-se rasgados sulcos onde encaixavam empenas de outras construções e algumas pedras com inscrições. O primeiro piso é rasgado, na fachada nordeste, por porta em arco quebrado, com acesso por escadaria de dois lances, com patamar intermédio e guarda plena, disposta a envolver o cunhal. A porta é encimada por pedra de armas de Dom Dinis. O 2º e o 3º piso são rasgados por frestas na fachada sudeste. O último piso é rasgado por janelas em arco quebrado em cada uma das fachadas. O interior apresenta espaços únicos em cada piso, ligados por escadas de madeira, com pavimentos em soalho e tetos de madeira com o travejamento à vista. No alto, balcões de mata-cães nos vértices e merlões chanfrados, com seteiras, gárgulas de canhão e cobertura em telhado de quatro águas. Na torre e no alçado oeste, as pedras-de-armas de Dom Dinis.