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  Confira mais um capítulo da História de Portugal

Por: Nelson de Paula.

"Castelo de Leiria" - 20/02/2022

Na cerca reforçada por torreões de planta quadrangular se rasgam duas portas: a Porta do Sol, a sul, onde hoje está a Torre da Sé, e a Porta dos Castelinhos, a norte, flanqueada por duas torres. Ultrapassando-se a Porta do Sol ingressa-se em um largo onde se encontram algumas edificações, o antigo Paço Episcopal (hoje sede da PSP) e a Capela de São Pedro.

Subindo por uma rampa, ao longo da cerca da vila, acede-se à entrada do castelo, pela Porta da Albacara, em arco de volta redonda sob uma torre rematada por merlões chanfrados e rasgada por frestões, que funcionou como torre sineira da vizinha Igreja de Nossa Senhora da Pena.

As muralhas do castelo são rematadas por merlões quadrangulares, estando reforçadas no seu trecho mais vulnerável (onde o declive do terreno não é tão acentuado) por uma barbacã, seguida por uma cerca avançada, a norte e a leste. Pelo lado oeste, rasga-se a chamada Porta da Traição, em arco quebrado.

O reduto interno, envolvido por cinta de muralhas, encontra-se disposto numa plataforma mais elevada a noroeste, e é dominado pela Torre de Menagem. As principais estruturas do castelo podem ser descritas sucintamente:

A Porta da Albacara , em estilo românico. No embasamento das torres que a defendem, encontram-se algumas lápides com inscrições romanas, oriundas da antiga "civitas" de Colipo, que existiu a perto da Barreira - na verdade grande parte do castelo foi construído com as pedras da civita, não restando nada desta ao não ser as pedras para aqui transladadas.

A Casa da Guarda, conjunto erguido à época dos trabalhos de restauro iniciados em 1915, conforme projeto original de Korrodi. No seu alpendre figuram algumas colunas e mísulas tardo-góticas oriundas do claustro do antigo Convento de Santa Ana de Leiria (1494-c. 1917-1920), das monjas da Ordem de São Domingos.

A Torre dos Sinos, porta de acesso ao primitivo recinto fortificado, de forma pentagonal e com arcadas românicas e aduelas contendo sinais cruciformes orbiculares ou templários. No século XIII foi adaptada como torre sineira da vizinha Igreja de Santa Maria da Pena, quando foram rasgadas novas janelas em estilo gótico. Foi também denominada, à época medieval, como Torre da Buçaqueira, o que pode indicar que nela se abrigariam os falcões usados pela realeza em suas caçadas.

A Igreja de Nossa Senhora da Pena foi o primeiro templo de Leiria, estando documentada logo na década de 40 do século XII. Esta capela casteleira foi totalmente refeita nos reinados de Dom João I e Dom Manuel I, nada restando da traça inicial. A igreja tem uma única nave retangular, com uma nave e capela-mor em estilo gótico, acedida lateralmente por um portal ogival de cinco arquivoltas apoiadas em colunas lisas. A ábside poligonal revela cobertura de abóbadas nervuradas de 7 panos. Os panos laterais da capela-mor são rasgados por frestas ogivais de dois lumes, encimadas por quadrifólios.